Durante mil anos a existência dela foi negada – Papisa Joana, a mulher que se disfarçou de homem e chegou a governar a Cristandade por dois anos. Agora, este eletrizante romance dá vida nova à lenda, com o retrato de uma mulher inesquecível, que luta contra as restrições que a sua alma não pode aceitar.
Segundo alguns relatos, Joana teria sido uma jovem oriental, nascida com o possível nome de Giliberta, talvez de Constantinopla, que se fez passar por homem para escapar à proibição de estudar imposta às mulheres.
Extremamente culta, possuía formação em filosofia e teologia. Ao chegar a Roma, apresentou-se como monge e surpreendeu os doutores da Igreja com sua sabedoria. Teria chegado ao papado após a morte do Papa Leão IV, com o nome de João VII. Eventualmente levada a Roma, ela rapidamente se vê emaranhada numa perigosa rede de paixões e interesses políticos poderosos, que ameaça a sua vida ao mesmo tempo em que a eleva ao mais glorioso trono do mundo ocidental.
O Filme
Filme - A Papisa Joana (2009) Legendado
.
Ano de 814. No mesmo dia da morte do lendário Carlos Magno,
nascia na aldeia de Ingelheim a única mulher da História destinada a ser papa:
Joana.
Era a Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância,
miséria e superstição sem precedentes. Os países europeus como os conhecemos
não existiam, nem tampouco seus idiomas, mas tão-somente dialetos locais, sendo
a língua culta o latim: a morte do imperador Carlos havia mergulhado o Sacro
Império Romano num caos de economia falida, guerras civis e invasões por parte
de vikings e sarracenos.
A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil
para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade. A
lei permitia que seus maridos batessem nelas; o estupro era encarado como uma
forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma
mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo.
Decidida a não se conformar com as limitações impostas ao
seu sexo, Joana se disfarça de homem e ingressa num mosteiro beneditino, sob o
nome de “irmão” João Ânglico. Graças à sua inteligência e determinação, ela
rapidamente se destaca como erudita e médica, até que, sob a ameaça de ter seu
disfarce revelado, parte para Roma, onde se torna médico do próprio papa. A
partir de então, começa a ascensão de Joana rumo ao mais glorioso trono do
Ocidente; porém, antes de cumprir seu destino, ela terá de superar obstáculos
tremendos, como o seu amor pelo conde franco Gerold e as armadilhas do
maquiavélico cardeal Anastásio, seu arquirrival, enquanto luta para não se
enredar na teia de intrigas, corrupção e disputas pelo maior poder religioso do
mundo.
A papisa Joana é um dos personagens mais fascinantes de
todos os tempos, e dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e
de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a
Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque
do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço
orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher
papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a
eficácia de tais medidas.
A papisa Joana é considerada pelos céticos um mito criado
pelos rivais da Igreja Católica para desmoralizá-la. Uma lenda. Porém, existem
historiadores que munidos de pouquíssimos registros afirmam que ela existiu, e
reconstituíram a história de sua vida.
A escritora Donna Woolfolk Cross acreditando na
possibilidade da existência dessa personagem, escreveu um belíssimo livro de
ficção histórica (download abaixo).
A história da papisa Joana é bem controversa. Os católicos
vão negar até o último fio de cabelo que ela tenha existido, embora haja um
decreto no século IX proibindo explicitamente a sua colocação na lista de
papas, a falta de um “João” na lista de papas e a existência da famosa “cadeira
papal” que durou do século IX ao XVI não teria razão de existência se não fosse
necessário comprovar o sexo do papa por algum motivo.
Na época, o escândalo de ter uma mulher infiltrada na Igreja
que tivesse chegado à condição de papa teria sido abafado de todas as maneiras
possíveis, tendo esta indiscrição perdurado até quase o século XI, quando o
respeitável historiador Murdoch MacGroarty (1028-1082) estava compilando a
lista de papas conhecida como “Chronicles of the Popes” e chegou a 20 papas de
nome João. A lista de papas de Murdoch foi aprovada por Victor III, Urbano II,
Pascoal II e Alberic de Montecassino e menciona a existência de uma papisa
Joana.
Quando refizeram as contas, eliminando a papisa Joana quase
200 anos depois, o papa João XXI se recusou a mudar seu título e acabou ficando
uma brecha entre os papas João VIII e João XIX. É ela quem aparece na imagem do
Tarot de Marselha ocupando o Arcano II, que se chama “Papisa” ao invés do
tradicional “Sacerdotisa”.
A história mais confiável conta que Joana nasceu na
Inglaterra, filha bastarda de um padre que, para ocultar o caso, precisou fugir
para a Alemanha, onde a criou como um coroinha. Quando chegou a adolescência,
Joana já sabia falar três línguas e possuía uma inteligência fora do comum. Foi
enviada para estudar nas melhores escolas, sempre assumindo uma identidade
masculina, pois não era permitida a presença de mulheres nos monastérios. Ela
possuía um amante, também padre, que a acompanhou à Inglaterra, França e
Grécia. Porém, conforme ficavam mais velhos, tiveram de mudar-se para Roma pois
em todos os outros monastérios era comum os homens cultivarem barbas e a
presença de Joana estava ficando difícil de ser explicada. Joana conseguiu ser
nomeada cardeal, quando teria ficado conhecida como João, o Inglês. Segundo as
fontes católicas, no dia 17 de julho de 855, Leão IV faleceu.
João, em virtude de sua notável inteligência, foi eleito
Papa por unanimidade. Apesar de ter sido fácil ocultar sua gravidez, devido às
vestes folgadas dos Papas, terminou por sentir as dores do parto em meio a uma
procissão numa rua estreita, entre o Coliseu de Roma e a Igreja de São
Clemente, e deu à luz perante a multidão.
As versões também divergem sobre este ponto, mas todas
coincidem em que a multidão reagiu com indignação por considerar que o trono de
São Pedro havia sido profanado.
João/Joana teria sido amarrada num cavalo e
apedrejada até à morte. Neste trajeto depois foi posta uma estátua de uma
donzela com uma criança no colo com a inscrição «Parce Pater Patrum, Papissae
Proditum Partum», conforme mais tarde 1375 atestado pelo «Mirabilia Urbis
Romae».O clero de Roma, ferido na sua dignidade e cheio de vergonha por aquele
acontecimento singular, publicou um decreto proibindo aos pontífices
atravessarem a praça pública onde tivera lugar o escândalo. Por isso, depois
dessa época, no dia das Rogações, a procissão, que devia partir da basílica de
São Pedro para se dirigir a Igreja de São João de Latrão, evitava aquele lugar
abominável situado no meio do seu caminho, e fazia um longo roteiro.
Os ultramontanos, confundidos pelos documentos autênticos da
história e não podendo negar a existência da papisa Joana, consideraram toda a
duração do seu pontificado como uma vacância da santa sede e fazem suceder a
Leão IV o papa Bento III, sob o pretexto de que uma mulher não pode desempenhar
as funções sacerdotais, administrar os sacramentos e também conferir ordens
sagradas. Mais de trinta autores eclesiásticos alegam este motivo para não incluírem
Joana no número dos papas; mas um fato essencialmente notável vem dar um
desmentido formal à sua opinião.
A Cadeira Furada
Para impedir que semelhante escândalo pudesse renovar-se,
imaginou para a entronização dos papas um uso singular e apropriado à
circunstância, o qual leve o nome de “a prova da cadeira furada”.
A Cadeira do Varão
O sucessor de Joana foi o primeiro a se submeter a essa
prova, que passou a ser realizada na eleição do pontífice, no momento em que
era conduzido ao palácio de Latrão para ser consagrado solenemente. Em primeiro
lugar, o papa sentava em uma cadeira de mármore branco colocada no pórtico da
igreja, entre as duas portas de honra; essa cadeira não era furada, e deram lhe
esse nome porque o santo padre, ao levantar se dela entoava o seguinte
versículo do salmo cento e treze: “Deus eleva do pó o humilde para o fazer
assentar acima dos príncipes!”
Em seguida, os grandes dignitários da igreja davam a mão ao
papa e conduziam-no á capela de São Silvestre, onde se achava uma outra cadeira
de pórfiro, furada no centro, na qual faziam assentar o pontífice.
Antes da consagração, os bispos e os cardeais faziam colocar
o papa sobre essa segunda cadeira, meio estendido, com as pernas separadas, e
permanecia exposto nessa posição, com os hábitos pontífices entreabertos, para
mostrar aos assistentes as provas da sua virilidade. Finalmente, aproximavam-se
dele dois diáconos, asseguravam-se pelo tato de que os olhos não eram iludidos
por aparências enganadoras e davam disso testemunho aos assistentes gritando
com voz alla: “Temos um papa!”.
Este funcionário é chamado de Carmelengo e esta função era
uma das mais importantes na aprovação do novo papa. Daqui originou-se o termo
“Puxa-saco”.
Essa cerimônia das cadeiras furadas é mencionada na
consagração de Honório III, em 1061; na de Pascoal II, em 1099; na de Urbano
VI, eleito no ano de 1378. Alexandre VI, reconhecido publicamente em Roma como
pai dos cinco filhos de Rosa Vanozza, sua amante, foi submetido à mesma prova.
Finalmente, ela subsistiu até o décimo sexto século, e Cressus, mestre de
cerimônias de Leão X, refere no jornal de Paris todas as formalidades da prova
das cadeiras furadas a que o pontífice foi submetido. Leão X foi o último papa
a ter de passar pela cerimônia de Puxação de saco.
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