A Cosmologia dos povos antigos - Mitos de criação primitivos
As civilizações mais primitivas
Em geral os historiadores dividem a história da humanidade
em dois grandes períodos: a Idade da Pedra e a Idade dos Metais. A Idade da
Pedra é aquela anterior à invenção da escrita. Por esse motivo ela também é, às
vezes chamada de Idade Pré-literária. A Idade dos Metais é a história das
nações que se autoproclamam civilizadas.
A Idade da Pedra cobre pelo menos 95% da história da
existência do ser humano. Ela só irá terminar nas proximidades do ano 3000
antes de Cristo.
Esta Idade se subdivide em era Paleolítica, ou antiga idade
da pedra, e era Neolítica, a nova idade da pedra. Chamamos a "era
Paleolítica" de "idade da pedra lascada" enquanto que a
"era Neolítica" é chamada de "idade da pedra polida". Como
podemos ver, cada uma dessas eras é caracterizada pela maneira como as armas e
utensílios de pedra eram fabricados pelos povos que nelas existiram.
Embora essas divisões sejam grosseiras, os historiadores
dizem que o período Paleolítico vai de 500000 a 10000 antes de Cristo. O
Paleolítico Inferior, que cobre cerca de 75% da duração global desta era, foi a
época em que surgiram as primeiras quatro espécies humanas na superfície da
Terra: o homem de Java (Pithecanthropus Erectus), o homem de Pequim
(Sinanthropus Pekinenses), o homem de Fontéchevade e o homem de Neanderthal
(Homo Neanderthalensis). Esta era vai até cerca de 30000 antes de Cristo.
Sabemos muito pouco sobre a cultura, as habilidades e a ciência desses seres.
De 30000 a.C até 10000 a.C. temos o chamado Paleolítico
Superior. Nesta época surge o homem de Cro-Magnon que desenvolve uma cultura
bastante superior à dos seus antepassados. Estes homens já usam roupas e criam
artefatos mais elaborados como agulhas, anzóis, arpões, etc.
No Paleolítico Superior os homens de Cro-Magnon ainda não construíam
casas. Eles habitavam cavernas e a vida grupal tornou-se mais regular e
organizada do que antes. O homem de Cro-Magnon desenvolveu a arte da pintura, a
escultura, o entalhe e a gravação. Ele também desenvolveu o mito, apresentando
idéias muito evoluidas sobre um mundo de forças invisíveis que passaria a reger
todos os momentos de sua vida. Também foram eles que desenvolveram as primeira
notações numéricas da história da humanidade. Eles faziam isso na forma de
entalhes sobre ossos e, possivelmente, estas contagens estavam relacionadas com
animais abatidos durante a caça.
O último estágio da Idade da Pedra é conhecido com período
Neolítico. É muito difícil fixar datas para o período Neolítico. Sua cultura
não se estabeleceu solidamente na Europa antes de cerca de 3000 a.C. No
entanto, há provas da existência desse período no Egito já no ano 5000 a.C. e
não muito mais tarde que isso no sudoeste da Ásia. O fim dessa era também é
difícil de precisar. No Egito ele foi superado um pouco depois do ano 4000, mas
não desapareceu em parte alguma da Europa (exceto na ilha de Creta) antes do
ano 2000 e muito mais tarde ainda na Europa setentrional. Curiosamente em
certas regiões da Terra ainda existem populações vivendo no período neolítico.
Nas selvas do nosso país ainda encontramos povos indígenas vivendo com uma
cultura neolítica exceto por alguns costumes que acabam adquirindo de
exploradores e missionários que deformam substancialmente suas culturas.
Na era Neolítica as pessoas começaram a abandonar a vida
nômade e
a se agrupar em pequenas comunidades agrícolas formando,
eventualmente, cidades. O homem neolítico é produtor de alimentos e domestica
animais.
Como consequência deste agrupamento de pessoas ocorreu
naturalmente, em várias regiões, o desenvolvimento de muitas atividades
diferentes, em particular aquelas associadas com a arte. A necessidade de
habitações permanentes exigiu móveis e utensílios, o que desenvolveu a arte na
madeira e a cerâmica. Além disso, as cidades (ou o que parecia ser uma cidade
naquela época) trouxeram a necessidade de localizações fixas para deuses e
deusas, o que levou alguns destes povos a construírem templos e objetos
religiosos. A religião passou a exigir lugares sagrados para os mortos, com a
consequente fabricação de tumbas, ossuários e urnas.
O homem Neolítico inventou os primeiros barcos e jangadas e
desse modo espalhou-se por todo o mundo atingindo até mesmo ilhas tão remotas
como o arquipélago do Havaí.
Nesta época também houve o desenvolvimento da religião. Na
verdade ela era mais rito do que crença. Como o homem primitivo dependia
totalmente da natureza, da sucessão regular das estações do ano, da queda de
chuvas nas ocasiões apropriadas, do crescimento das plantas e da reprodução dos
animais, ele acreditava que esses fenômenos naturais só ocorreriam se ele
cumprisse certos sacrifícios e ritos.
No entanto, também estava muito presente na religião primitiva
o medo. Esses homens pré-históricos viviam em um estado constante de alarme e
terror. Eles temiam não só a doença e a morte mas também a fome, a seca, as
tempestades, os espíritos dos mortos e até mesmo os espíritos dos animais que
ele havia matado para se alimentar. Como no seu imaginário toda desgraça era
precursora de outras desgraças, o homem primitivo acreditava que só conseguiria
quebrar este ciclo nefasto se a má influência causadora destes males fosse
apaziguada ou aniquilada. E só havia um meio para isso: os feitiços.
À era Neolítica seguiu-se a chamada Idade do Bronze, o
período entre 2200 a 800 a.C. A Idade do Bronze é geralmente marcada pelo uso
cada vez maior de metais substituindo as ferramentas de pedra e um aumento na
fixação dos seres humanos, frequentemente com sítios marcados por grandes
geoglifos (nome dado a desenhos feitos nas paisagens em épocas antigas, por
várias sociedades e em várias partes do mundo) e estruturas megalíticas, como
Stonehenge (imagem ao lado).
Chamamos de estruturas megalíticas as construções feitas por
estes povos em que há a presença de megalitos. A palavra "megalito"
significa "grande pedra" em grego. Algumas vezes ela é usada,
erroneamente, para descrever os monumentos megalíticos.
Os monumentos megalíticos possuem formas gerais variadas mas
em todos eles é característica a presença de enormes blocos de pedra, dispostos
às vezes em forma circular, outras vezes simplesmente alinhados. Em algumas
destas construções é notada a presença de um enorme
Sabemos muito pouco sobre a cultura dos povos que
construíram estes megalitos. Como não haviam inscrições neles também
desconhecemos suas linguas, religiões, costumes ou mitos. Até recentemente os
historiadores associavam a construção dos megalitos ao chamado "povo Beaker",
um povo do final da idade da pedra que habitou a Europa por volta do ano 2200
a.C. Acredita-se que este povo, e não os Celtas como comumente é dito,
construiu parcialmente o segundo estágio de um dos grandes monumentos
megalíticos que conhecemos: Stonehenge. Note que a época em que o povo Beaker
existiu é muito anterior à cultura Celta!
No entanto, existe uma questão bem mais profunda em relação
a essas observações astronômicas: embora vários megalitos tenham sido,
certamente, erigidos para assinalar momentos astronômicos específicos, como o
solstício, por exemplo, até que nível fatos astronômicos poderiam ser
compreendidos pelas pessoas que viviam na época em que essas grandes pedras
foram erigidas?
O fato mais importante a notar é que, na época em que os
megalitos foram construídos, as pessoas não conheciam a escrita. Deste modo, a
pergunta fundamental passa a ser:
Entretanto, pesquisas mais recentes revelaram que os
megalitos existentes na Bretanha têm, na verdade, uma origem muito mais antiga.
Nesta região foram encontrados alguns megalitos que datam de cerca de 4600
a.C., bem dentro da idade pré-histórica!
No entanto, é muito importante que se tenha em mente que nem
todas estas estruturas megalíticas têm relação com a astronomia.
A cosmologia neolítica
A cosmologia é tão velha quanto a própria humanidade. A cosmologia
mais primitiva que conhecemos, criada pelos povos que viveram na era neolítica,
era, como não podia deixar de ser, extremamente local. Para esses povos o
universo era aquilo com que eles interagiam de modo imediato. Para eles o
universo, ou seja, as coisas cosmológicas, era o clima, os terremotos, os
vulcões, e as fortes mudanças que ocorriam ao longo do ano no meio ambiente que
os cercava. Todas as outras coisas que ocorriam fora da vida diária comum
desses povos eram interpretadas como sendo sobrenaturais. Esse é o motivo pelo
qual muitos historiadores dão à cosmologia desenvolvida por esses povos o nome
de "Cosmologia Mágica".
Os povos primitivos projetaram seus próprios sentimentos e
pensamentos internos dentro de um mundo animístico externo, um mundo onde todas
as coisas tinham vida. Através de preces, sacrifícios e presentes aos
espíritos, os seres humanos ganhavam controle dos fenômenos que ocorriam no seu
mundo. Essa é uma visão do mundo mágica e antropomórfica, de uma terra, água,
vento e fogo vivos, nos quais os homens e mulheres projetaram suas próprias
emoções e motivos como sendo as forças que os guiavam, o tipo de mundo que
encontramos nas fantasias e contos de fadas.
Já vimos que mais tarde a humanidade começou a se organizar
e desenvolver o que agora chamamos de sociedade. Um sentido maior de
estabilidade em sua existência diária conduziu ao desenvolvimento de mitos mais
elaborados, em particular mitos de criação cujo objetivo era explicar a origem
do universo.
Vários desses mitos ainda mantiveram temas sobrenaturais mas
havia, entretanto, uma pequena consistência lógica interna em várias dessas
histórias. Os mitos frequentemente tentam uma explicação racional do mundo
diário. Mesmo se considerarmos algumas dessas histórias como sendo tolices elas
foram, em algum sentido, nossas primeiras teorias científicas. Essa época é
chamada pelos historiadores de "Cosmologia Mítica".
O Universo conhecido por estes povos era somente aquele
visível. Eles não conseguiam explicar a ocorrência de fenômenos casuais tais
como a aparição de um cometa ou um eclipse. Esses fenômenos eram observados por
eles com pavor e os levaram à elaboração de muitos mitos associados à
astronomia. Ao mesmo tempo, a necessidade de saber quando semear e quando
colher, o que garantia a subsistência desses povos, fez com que eles passassem
a olhar com mais atenção para o seu universo local. Isso pode ser comprovado
pelas várias construções megalíticas que sobreviveram até os dias de hoje e que
estão, de alguma forma, relacionadas com dados astronômicos.
No entanto, existe uma questão bem mais profunda em relação
a essas observações astronômicas: embora vários megalitos tenham sido,
certamente, erigidos para assinalar momentos astronômicos específicos, como o
solstício por exemplo, até que nível fatos astronômicos poderiam ser
compreendidos pelas pessoas que viviam na época em que essas grandes pedras
foram erigidas?
O fato mais importante a notar é que, na época em que os
megalitos foram construídos, as pessoas não conheciam a escrita. Deste modo, a
pergunta fundamental passa a ser:
"Que astronomia é possível fazer sem conhecer a
escrita?"
Certamente o não conhecimento da escrita coloca fortes
limites sobre o conhecimento astronômico. Basta lembrar que sem ela fica muito
mais difícil (mas não impossível) realizar uma das tarefas mais elementares (e
importantes) da astronomia: o registro de ocorrências astronômicas.
Este mesmo processo de registro tornou possível que vários
povos, sem terem o domínio da escrita, pudessem contar o número de dias em um
ano. Qualquer povo primitivo podia encontrar as direções do nascimento e do
ocaso das estrelas, ou então as direções do nascimento e do ocaso, mais ao
norte e mais ao sul, do Sol e da Lua sem necessitar escrever. A prova de que
isso era feito está nas várias grandes construções megalíticas que conhecemos tais
como Stonehenge, na Inglaterra.
Podemos dizer que tão logo os grupos sociais primitivos
desenvolveram a linguagem foi preciso apenas um pequeno passo para eles
fizessem suas primeiras tentativas para compreender o mundo que existia em
torno deles. Enquanto isso, como já dissemos, sua cosmologia era alimentada
pelos mitos de criação do universo, na verdade mitos que envolviam somente
aquilo que eles podiam presenciar no seu dia-a-dia como, por exemplo, o
surgimento e desaparecimento diário de uma bola de fogo brilhante, e o medo de
que ela não aparecesse no dia seguinte. Havia também um grande objeto brilhante
que assumia várias formas no céu, às vezes sendo redondo mas mudando sua forma
até desaparecer. Seria o mesmo objeto sempre ou seriam vários? Este estranho
objeto também era capaz de aparecer durante o dia e às vezes desaparecer por
completo. As cores do céu e o seu estranho salpicado de pontos luminosos que
piscavam quando tudo estava escuro mas não apareciam quando estava tudo claro.
Explicar isso era muito difícil. Melhor acreditar que alguém os criou.
Mesopotâmia
O que era a Mesopotâmia
A mesopotâmia não foi um império ou um país. Ao invés disso,
a mesopotâmia era uma área geográfica na qual pessoas, com as mais variadas
origens, se instalaram e, eventualmente, organizaram estados-cidades, que mais
tarde se transformaram em poderosos impérios. Vários destes estados-cidades
primordiais mesopotâmeos foram fundados muito antes que as mais antigas
comunidades políticas egípcias.
A palavra Mesopotâmia, de origem grega, significa "a
terra entre os rios", e este foi o nome dado por Políbio e Estrabão às
terras muito planas que estavam situadas entre os dois rios que fluem através
delas, os rios Tigre e Eufrates. Este rios correm de Anatólia e Síria até o
golfo Pérsico.
A região da Mesopotâmia era limitada ao norte pelas
montanhas do Curdistão. O limite oeste eram as estepes e os desertos da Síria e
da Arábia e a leste estava a cadeia de montanhas Zagro, no atual Irã. A
fronteira ao sul eram os pântanos do delta do rio.
Ao longo dos rios Tigre e Eufrates muitas grandes cidades
comerciais se formaram, entre elas Ur e Babilônia às margens do rio Eufrates. A
região que era chamada de Mesopotâmia está situada, aproximadamente, na mesma
região geográfica ocupada hoje pelo Iraque.
Os impérios formados pelos sumérios, babilônios, caldeus e
assírios se estenderam por toda a região conhecida como Mesopotâmia.
Os sumérios
Quem eram os Sumérios
Inicialmente, a maioria das pessoas que habitaram os vários
estados-cidades estabelecidos na Mesopotâmia eram Sumérios (ou Sumerianos).
Os sumérios eram membros de um povo que estabeleceu uma
civilização na Suméria, região que fica no baixo vale do rio Eufrates, região
sul da Babilônia. Eles vieram de muitos lugares. Alguns deles vieram das terras
de Akbad, o que faz com que suas origem estejam ligadas a tribos semíticas que
viveram no quarto milênio a.C. Outras tribos se fixaram em Eridu, próximo ao
rio Eufrates no sul da Mesopotâmia, povos estes com uma origem ainda mais
antiga. Os sumérios também se fixaram em Ur, uma região que prosperou até quase
o tempo de Homero, e também em Lagash, uma cidade que escavações arqueológicas
revelaram ser um dos mais criativos meios ambiente daqueles tempos antigos e
que prosperou até aproximadamente a mesma época da queda do Velho Reinado
egípcio, por volta de 2500 a.C. Claro que estas cidades não existem mais e só
são lembradas pelos que estudam a Bíblia ou pelos professores e estudantes de
história.
Os sumerianos fizeram florescer uma brilhante civilização
durante o quarto milênio antes de Cristo. Este povo desapareceu no segundo
milênio antes de Cristo, não sem antes transmitir aos assírios os principais
elementos de sua arte e de sua mitologia.
Os babilônios
Quem eram os Babilônios
Como vemos no mapa ao
lado, a Babilônia estava situada na região conhecida como Mesopotâmia.
A história dos babilônios é tão misturada com a dos sumérios
e caldeus que fica difícil separar o passado de cada um destes povos.
Os historiadores têm dúvidas quanto à extensão da história
dos babilônios. Alguns consideram que ela se estende até o quarto milênio a.C.
enquanto que outros a traçam somente até o século 18 a.C. quando Hamurabi
estabeleceu a primeira dinastia babilônia.
A escrita dos Babilônios
Muito do sistema educacional dos babilônios têm fortes
ligações com a cultura suméria. Sua escrita e sua ciência, em particular a
astronomia e a astrologia, tiveram suas origens na ciência desenvolvida pelos
sumérios.
Os estudiosos babilônicos eram sacerdotes e/ou profetas.
Deste modo, apenas uns poucos tinham acesso à educação.
A astronomia babilônia não foi exceção. Ela foi deixada nas
mãos de uns poucos cidadãos educados que serviam como escribas e eram capazes
de usar e compreender o sistema de escrita que havia sido transmitido aos
babilônios pelos sumérios. Este sistema de escrita, que usava símbolos em forma
de cunha ao invés de caracteres alfanuméricos, é chamado de cuneiforme e é o
mais antigo sistema de escrita conhecido.
Note que existiram vários sistemas cuneiformes na região da
Mesopotâmia. Um desses alfabetos é mostrado ao lado.
Com o passar dos séculos ao longo da época antiga os
símbolos cuneiformes sofreram uma evolução gráfica muito grande até chegarem à
sua forma definitiva adquirindo não somente novos significados mas também tendo
o seu desenho drasticamente alterado. Nas suas formas mais antigas, os símbolos
cuneiformes identificavam principalmente objetos físicos. Mais tarde os
babilônios adicionaram novos símbolos que representavam ideias abstratas.
A matemática dos Babilônios
A matemática dos Babilônios não seria estranha para aqueles
que estão acostumados com os sistemas binário (sistemas de base 2) e
hexadecimal (sistemas de base 16) exigidos pela computação moderna. Ela não
estava baseada no sistema decimal que usamos comumente, segundo o qual contamos
todas as coisas usando potências de 10 ou seja, usando 10 dígitos de zero a
nove para representar as unidades, e as notações posicionais de dezenas, centenas,
milhares para representar as potências de 10.
Os babilônios usavam um sistema de contagem de base 60. Isto
os levou a dividir o círculo em 360 graus. Eles também dividiram a hora em
intervalos usando sua medida sexagesimal. Esta é a razão pela qual existem 60
segundos em um minuto e 60 minutos em uma hora.
Os babilônios mostraram ser muito hábeis nas artes dos
cálculos e distinguiram-se na manipulação aritmética e na representação
simbólica.
Foram eles que inventaram as tabelas de multiplicação e
estabeleceram as regras da aritmética.
Há quatro mil anos os babilônios eram bastante versados em
astronomia. A astronomia babilônea é notada pelos seus registros, contínuos e
detalhados, de fenômenos astronômicos tais como eclipses, posições dos planetas
e nascimento e por da Lua. Alguns destes registros foram feitos em 800 a.C. e
são os mais velhos documentos científicos existentes.
O propósito desta atividade era claramente astrológico com o
objetivo de predizer a prosperidade do país assim como a do seu rei.
Além de registros os astrônomos babilônios também
desenvolveram várias ferramentas aritméticas que, aplicadas às suas tabelas de
dados, os permitiam prever os movimentos aparentes da Lua, das estrelas, dos
planetas e do Sol no céu. Eles podiam até mesmo prever eclipses.
Entretanto, embora sua preservação de registros fosse uma
tecnologia nova para a época e seu sistema de nomes estelares e sistema de
medição fosse passado para civilizações posteriores, os babilônios nunca
desenvolveram um modelo cosmológico para nele interpretar suas observações. Os
astrônomos gregos alcançariam este objetivo usando os dados dos babilônios.
Apesar disso, a cosmologia na Mesopotâmia era muito mais
sofisticada do que, por exemplo, a do Egito. Os babilônios acreditavam em um
universo de seis níveis com três firmamentos e três terras: dois firmamentos
acima do céu, o firmamento das estrelas, a terra, o submundo do Apsu, e o submundo
dos mortos.
Era assim que os babilônios imaginavam o Universo. A Terra
era um enorme plano que tinha uma forma circular. Ela repousava sobre uma
câmara de água, um rio que a circunda totalmente. Em volta da Terra havia uma
parede que sustentava uma cúpula onde todos os corpos celestes estavam
localizados.
A Terra foi criada pelo deus Marduk como uma jangada que
flutua sobre o Apsu. Os deuses estavam divididos em dois panteons, um ocupando
os firmamentos e o outro no submundo.
A cosmologia no Egito
As dinastias que floresceram no Egito antigo foram,
aproximadamente, contemporâneas dos povos que habitaram a Mesopotâmia.
Os historiadores tendem a exagerar as habilidades dos
antigos egípcios quando, na verdade, eles eram uma cultura prática.
Os egípcios desenvolveram a arte, literatura, arquitetura e
até mesmo algumas ciências, tal como a medicina e a matemática. Uma das
principais fontes de informação sobre a matemática desenvolvida no antigo Egito
é o "Papiro matemático Rhind". Ele foi feito por volta do ano 1650
a.C., mas o responsável pela sua escrita, o escriba Ahmes, diz que o copiou de
um documento mais antigo ainda, que data da 12a dinastia egípcia (por volta de
1800 a.C.). O Papiro Rhind consiste de uma famosa tabela de números 2/n, onde
n= 3, 5, 7, ..., 101, todos eles expressos como uma soma de frações com o
numerador 1. Além disso ele inclui cerca de 85 exercícios matemáticos
acompanhados de suas soluções.
No entanto, os egípcios não demostraram muito interesse pela
astronomia. Ao contrário dos Babilônios, eles não deixaram grandes registros de
posições planetárias, eclipses ou outros fenômenos astronômicos. Uma prova
desta falta de interesse é o fato de que um "catálogo do universo"
compilado por Amenhope por volta de 1100 a.C. lista apenas cinco constelações,
das quais duas podem ser identificadas como Orion e Ursa Major, e nem mesmo menciona
Sírius ou qualquer planeta.
A astronomia só aparece melhor registrada em um documento
datado de 300 a.C. Isto é muito tarde na história do Egito uma vez que a
primeira dinastia começou, aproximadamente, em 3100 a.C. e a história do Egito
antigo só terminou no ano de 332 a.C. quando Alexandre, o Grande conquistou
toda a região. Este documento astronômico está gravado na base de uma estátua
de um homem chamado Harkhebi e o descreve como tendo observado "tudo
observável no céu e na Terra".
O desenvolvimento da cosmologia no antigo Egito seguiu
linhas práticas. Os egípcios tinham pouca ideia da extensão e da estrutura do
universo. A cosmologia deles, do mesmo modo que a dos Babilônios, refletia as
suas crenças religiosas.
As ideias que os antigos egípcios tinham sobre o céu noturno
foram formuladas em vários mitos que então, mais tarde, se tornaram a parte
central da sua religião. Uma vez que suas principais divindades eram corpos
celestes, um grande esforço foi feito pelos seus religiosos para calcular e
prever o instante e o local do aparecimento de seus deuses. Foram essas
habilidades que levaram à divisão do dia e da noite em 12 seções cada um, o
desenvolvimento de um calendário lunar e o desenvolvimento de um calendário
solar de 12 meses, cada um com 30 dias, e com uma unidade especial de 5 dias
para fazer com que o total fosse de 365 dias.
Uma vez que o deus Sol, Ra, era o mais importante dos
deuses, o movimento solar anual ao longo do horizonte era uma observação
astronômica chave da cosmologia egípcia. A determinação do instante e do
posicionamento dos pontos de retorno mais ao norte e mais ao sul, os
solstícios, no fim das contas fixaram a mitologia da cosmologia egípcia. A
lenda egípcia declara que a deusa do céu Nut dá a luz Ra uma vez por ano,
catalisando tanto o desenvolvimento do calendário como o conceito de realeza
divina e a herança matrilinear do trono.
Nut frequentemente é representada como uma fêmea nua que se
estica através do céu. O Sol, o deus Ra, é mostrado entrando em sua boca,
passando através de seu corpo salpicado de estrelas e emergindo de seu
"canal de nascimento" nove meses mais tarde (do equinócio da
primavera ao solstício de inverno no hemisfério norte). Assim Ra se torna um
deus que cria a si mesmo isto é, o universo é auto-criante e eterno.
A imagem abaixo, extraída do Livro dos Mortos, Deir
el-Bahri, do século 10 a.C., mostra a deusa egípcia do céu Nut, com o seu corpo
suspenso pelo deus do ar Shu. O deus da terra Geb reclina-se a seus pés.
A cosmologia dos egípcios
*Nun
oceano primordial que representa um universo de caos
este oceano infinito continha os constituintes básicos de
tudo que existiria eternamente
para os egípcios a água era o elemento básico da vida.
*Ra
O deus Sol
existia dentro de Nun e permaneceu em repouso até o momento
em que desejou viver
a partir dele veio o ar que sustenta o céu e o orvalho e a
chuva que umedece a Terra
de suas lágrimas foram criados os homens e as mulheres.
*Shu
O deus do ar
nascido de Ra
sustenta o céu.
*Tefnut deusa do
orvalho e da chuva
filha de Ra
deu à luz Geb (Terra) e Nut (Céu).
Entretanto, Geb e Nut casaram sem a aprovação de Ra de modo
que ele ordenou que Shu separasse a Terra e o Céu para sempre.
*Osiris
Deus da
natureza e da vegetação
primeiro filho de Geb e Nut
a ele a Terra deve a sua fertilidade.
Por volta do chamado Velho Reinado, o entusiasmo
astronômico-religioso dos faraós é refletido na construção das enormes
pirâmides em Giza. Elas eram caminhos de pedra para os deuses e foram
orientados para alcançar os deuses imortais isto é, as estrelas circumpolares
do norte.
A Cosmologia na Ásia
Existia (a ainda existe) um certo desejo entre historiadores
eurocêntricos em retroceder a ciência e filosofia antigas somente até os
gregos. Com isso esses importantes pilares do conhecimento humano,a ciência e a
filosofia, aparecem como algo totalmente criado no ocidente. Deste modo a
pré-história asiática das ciências ocidentais, em particular a base asiática
sobre a qual se apoia uma parte da ciência e filosofia gregas, é absolutamente
ignorada. Mais recentemente começou a haver um reconhecimento, com uma certa má
vontade, de que os Babilônios e os Egípcios podem ter contribuído para o
desenvolvimento das ideias científicas e filosóficas dos gregos.
A cosmologia na Índia
A literatura dos Vedas e a arqueologia indianas nos fornecem
bastante evidências relacionadas com o desenvolvimento da ciência pelos povos
que habitavam este país. Segundo alguns arqueólogos, existem registros que nos
permitem acompanhar estes desenvolvimentos recuando no tempo até o ano 8000
a.C.
A mais antiga fonte textual destas narrativas históricas
está no Rig Veda, o livro sagrado dos Hindus, que é uma compilação de material
muito antigo. A descoberta de que Sarasvati, o importante rio da época Rig
Vedica, ficou seco por volta do ano 1900 a.C. devido a movimentos tectônicos fortalece
a ideia de que os hinos do Rig Veda recordam eventos anteriores a esta época.
De acordo com a história tradicional o Rig Veda é anterior a 3100 a.C.
Existem referências astronômicas neste e em outros livros
Védicos que recordam eventos ocorridos no terceiro ou quarto milênio a.C. ou
ainda antes deste tempo.
Em resumo, os textos Védicos apresentam uma visão do
universo que é tripartida e recorrente. O Universo é visto como três regiões,
terra, espaço e céu, que no ser humano estão espelhadas no corpo físico, a
respiração (prana) e mente. Os processos que ocorrem no céu, sobre a terra e
dentro da mente são tomados como estando conectados. O universo também está
conectado com a mente humana conduzindo à ideia de que a introspecção pode
produzir conhecimento. O universo passa por ciclos de vida e morte.
Os profetas Védicos estavam cientes de que todas as
descrições do universo conduzem a paradoxos lógicos.
Mostramos abaixo um dos hinos sobre a criação que faz parte
dos Vedas (cantem todos, bem alto!).
As características mais notáveis da visão Védica do universo
eram:
O Universo é grande, cíclico e extremamente velho
Os Vedas falam de um universo infinito e os Brahmanas
mencionam "yugas" (eras) muito grandes. A visão Védica recorrente do
universo exige que o próprio universo passe por ciclos de criação e destruição.
Esta visão cíclica se tornou parte da estrutura astronômica desenvolvida por
eles e isso fez com que ciclos muito longos, de bilhões de anos, fossem
considerados. Os Puranas falam do universo passando por ciclos de criação e
destruição de 8,4 bilhões de anos embora também existam ciclos mais longos.
Assim, na cosmologia hindu o universo tem uma natureza
cíclica. A unidade de medida usada é a "kalpa", que equivale a um dia
na vida de Brahma, o deus da criação. Uma kalpa tem aproximadamente 4,32
bilhões anos. O final de cada "kalpa", realizado pela dança de Shiva,
é também o começo da próxima kalpa. O renascimento segue à destruição. Shiva é
representada tendo na mão direita um tambor que anuncia a criação do universo e
na mão esquerda uma chama que destruirá o universo. Muitas vezes Shiva é
mostrada dançando num anel de fogo que se refere ao processo de vida e morte do
universo.
O mais notável na cosmologia hindu, que lhe dá uma
característica única, é o fato de que nenhuma outra cosmologia antiga usou
períodos de tempo tão longos nas suas descrições cosmológicas.
Um mundo atômico
De acordo com a doutrina de Kanada existem nove classes de
substâncias:
éter, espaço e tempo, que são contínuas.
as quatro substâncias elementares, ou partículas, chamadas
terra, ar, água e fogo, que são atômicas.
dois tipos de mentes, uma onipresente e outra que é o
indivíduo.
A doutrina atômica de Kanada é, em certos aspectos bem mais
interessante do que aquela proposta pelo grego Demócrito.
Relatividade do espaço e do tempo
Descrições mostrando que nem o espaço nem o tempo precisam
fluir à mesma taxa para observadores diferentes é encontrada nas histórias de
Brahmana e Purana assim como no Yoga Vasistha.
Certamente estas histórias não têm qualquer ligação com a
teoria da relatividade especial que estabelecem um limite superior para a
velocidade da luz.
Números binários e infinito
Parece que um sistema de números binários foi usado por
Pingala por volta do ano 450 a.C. A estrutura deste sistema numérico pode ter
ajudado na invenção do sinal para o zero, feita pelos indianos possivelmente
entre os anos 50 a.C a 50 d.C. Sem o símbolo do zero a matemática teria tido
grandes dificuldades no seu desenvolvimento. O sistema de números binários foi
descoberto no ocidente pelo matemático alemão Leibnitz em 1678, quase 2000 anos
depois de Pingala.
A ideia do infinito é encontrada nos próprios Vedas. Ele foi
corretamente compreendido como aquilo que permanece inalterado se adicionarmos
ou subtrairmos dele o próprio infinito.
Segundo a crença hindu o universo é destruído no final de
cada kalpa, que é a vida do deus criador Brahma. Entre a destruição do universo
e sua recriação, no final de cada ciclo, o deus Vishnu repousa nos anéis de
Ananta, a grande serpente do infinito, enquanto espera o universo se
auto-recriar.
A
Terra, chamada por eles de Monte Meru, e as regiões infernais eram
transportadas por uma tartaruga, símbolo da força e poder creativo. Por sua
vez, a tartaruga repousava sobre a grande serpente, que era o emblema da
eternidade. Existiam três mundos. A região superior era a residência dos
deuses. A região intermediária era a Terra e a região inferior era a região
infernal. Eles acreditavam que o Monte Meru cobria e unia os três mundos. No
topo do Monte Meru estava o triângulo, o símbolo da criação. As estrelas
giravam em volta da montanha cósmica Meru.
A ciência indiana, mas não a sua religião, sofreria uma
profunda modificação com a incorporação dos conhecimentos trazidos pelos
gregos.
Ocorre que a transmissão das ideias desenvolvidas pelos
filósofos gregos para os árabes não foi algo que ocorreu de modo direto. Antes
de chegar aos árabes, a filosofia grega passou pela Índia. Esta transmissão de
conhecimentos dos gregos para os indianos possivelmente já ocorria desde o
final do período grego antigo, em particular desde a época das conquistas de
Alexandre, o Grande.
Certamente muitas ideias e inovações científicas surgiram na
Índia em uma época anterior à idade científica grega. No entanto, os
historiadores não conseguiram mostrar que as inovações criadas pelos indianas
de alguma forma estivessem associadas às correspondentes inovações que surgiram
na Grécia.
Os astrônomos indianos ficaram fascinados com a astronomia
grega. Em particular eles se impressionaram com o método científico que os
gregos tinham trazido, e tornado necessário, para a ciência.
No entanto, os filósofos indianos estavam pouco preocupados
com dados puramente observacionais. Seu principal interesse se fixava nos
princípios subjacentes que governavam o movimento dos planetas, do Sol, e da
Lua, ou seja, eles se interessavam mais pela matemática que descrevia estes
movimentos e que já havia sido desenvolvida pelos astrônomos gregos.
Os filósofos indianos sempre foram fascinados pela
matemática. Foram os matemáticos indianos que inventaram o zero, uma absoluta
necessidade para que pudesse ser desenvolvida uma aritmética tratável. Isto se
refletiu diretamente no desenvolvimento da ciência quantitativa.
A era realmente produtiva da antiga astronomia indiana,
entretanto, ocorreu muito depois que os gregos passaram a fazer parte do
império bizantino. Este desenvolvimento deve ter acontecido do meio do terceiro
século até o sétimo século, pois foi durante este período que a Índia teve um
grande desenvolvimento sob as regras da dinastia Gupta e a cultura Harsch.
Nesta época a cultura hindu experimentou sua idade de ouro. Durante este tempo
viveram os dois principais astrônomos indianos Aryabhata e Brahmagupta.
Aryabhata de Kusumapura nasceu no ano 476. Ele foi um grande
matemático, o primeiro a usar álgebra na astronomia. Seus trabalhos, incluidos
como parte de uma compilação tradicional de escritos matemáticos e astronômicos
coletivamente conhecidos como Siddhantas, incluiam fórmulas aritméticas,
medições trigonométricas e equações quadráticas.
Aryabhata acreditava que existiam fórmulas algébricas e
princípios geométricos capazes de explicar toda a mecânica celeste. Ele não
aceitava o processo ptolomaico usado para explicar e verificar fatos
astronômicos. Na verdade, Aryabhata nunca esteve completamente satisfeito com
as idéias de Ptolomeu sobre as maneiras pelas quais os planetas se moviam nem
com as várias idéias cosmológicas deste filósofo grego.
Aryabhata opunha-se particularmente à idéia de que a Terra
estava em repouso. Ele se sentia bastante seguro de seus próprios cálculos e
observações e, baseado neles, afirmava que a Terra devia girar, estivesse ou
não fixa em uma coordenada espacial.
Brahmagupta, que viveu no período entre 590-660, também foi
matemático e astrônomo. Ele escreveu um poema chamado
"Brahma-Sphuta-Siddhanta", que significa "sistema melhorado de
Brahma", que era, na verdade, um trabalho sobre astronomia que incluia
também capítulos sobre matemática.
Brahmagupta conhecia muito bem as idéias de Ptolomeu e
Aryabhata. No entanto, ele preferiu apoiar as teorias planetárias de Aryabhata,
pois ele também acreditava que haviam evidências suficientes para provar que a
Terra girava.
A cosmologia na China
A cosmologia da China antiga pode ser vista na arte,
arquitetura e nos escritos mais antigos deste povo. Ela está fortemente impregnada
com as religiões dominantes, o Taoísmo e o Confucionismo.
A cosmologia chinesa é muito esparsa no que diz respeito à
criação. Entretanto, existe um mito que data do século 3 a.C. que estabelece
que no começo, o céu e a terra estavam unidos sob a forma de uma vasta
nebulosidade na forma de um ovo. O primeiro homem sobre a Terra foi Pangu, e
foi ele que separou o céu e a terra. Alguns dizem que ele fez isso usando um
machado. Outros dizem que ele fez isso crescendo cada vez mais até que os dois
foram obrigatoriamente divididos. Em qualquer um dos casos, a porção mais leve
deslocou-se para cima, tornando-se o firmamento enquanto a porção mais pesada
acomodou-se na parte de baixo e se tornou a terra.
Quando Pangu morreu sua cabeça se tornou as montanhas, seus
olhos o Sol e a Lua, suas artérias e veias os mares e rios e seu cabelo e pele
as plantas e os vegetais. Não obstante, seus restos mortais são ditos terem
sido enterrados em algum lugar em uma montanha na província de Guangdong.
A interpretação chinesa da orientação física do universo
teve pouca influência filosófica. Existem várias interpretações individuais
diferentes mas cada uma delas contém várias idéias básicas comuns sobre a
estrutura universal.
Sabemos que os chineses na verdade distinguiam entre
estrelas e planetas e que eles já tinham notado o comportamento errático de
vários corpos celestes. Existiam inicialmente três modelos de orientação
celeste:
Gai Tian era a teoria do firmamento em forma de domo. Ele
colocava o que hoje chamamos de Ursa Maior no centro do domo celeste e a China
ficava no centro da Terra.
Hun Tian era a escola que previa um firmamento esférico com
uma forma muito semelhante a um ovo de galinha onde a terra é como a gema. O
firmamento era mantido suspenso por um vapor chamado "qi". Esta
teoria particular conduziu a vários avanços tecnológicos na astronomia como a
construção de esferas e anéis armilares.
Xuan Ye era a teoria que nos dizia que o universo era
infinito e os corpos celestes estavam suspensos nele. Essa ideia, obviamente,
não era justificada por qualquer fato ou observação.
Em quase todas estas interpretações do firmamento, um vento
ou vapor celestial sustentava os corpos celestiais. Este é um conceito chinês
muito comum no qual o vento não somente mantinha suspensas as estrelas fixas no
céu mas também, devido ao arrasto viscoso proveniente da Terra, produzia o
movimento para trás do Sol, da Lua, dos cinco planetas visíveis e das estrelas.
Os chineses percebiam o céu como sendo arredondado. Ele
tinha nove níveis cada um dos quais separado por um portão e guardado por um
animal particular. O nível mais alto era o "Palácio da Tenuidade
Púrpura". Era ai que o Imperador do Céu vivia, na constelação que hoje
chamamos de Ursa Major.
No centro do céu estava o Polo Norte e a Estrela Polar. O polo
celeste era uma característica crítica da cosmologia chinesa. Para os chineses
o centro era o ponto geográfico mais importante porque ele era o mais próximo
ao firmamento. Eles acreditavam que o coração da civilização estava situado no
centro da Terra e à medida que a Terra se espalhava para fora deste centro as
terras e seus habitantes se tornavam cada vez mais selvagens.
Pesquisas: República Ateia.
Fonte: http://www.fisica.net
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